De repente... mil coisas!

[Sonho]

Há, mais ou menos, um mês atrás, o garoto descobriu que o Pato Fu apresentaria-se num festival local chamado "Ceara Music".
Surpresa nenhuma foi para seus amigos quando ficara totalmente empolgado com o fato, aguardando ansiosamente a data para poder pular como uma batata quente ao som de "Capetão 66.6 FM".
Havia uma programação, no site oficial do evento, dizendo a ordem das bandas que se apresentariam no dia, mas não o horário.
Chegado o dia, (Sexta-26/11/2004), ele mal conseguiu trabalhar. Ouvira, durante o dia, uns 4 CDs deles e, finalmente, teve acesso aos horários das bandas que se apresentariam, por meio de um jornal.
Como a banda - diga-se de passagem, seu único motivo para comparecer ao festival - apresentaria-se as 19:30hs, programou-se para jantar as 18:30hs e sair de casa as 19:15, visto que, na noite anterior, todas as bandas sofreram um atraso gritante.

[Pesadelo]

Decidira ele que o cardápio seria tipicamente paulistano, ou seja, bife com fritas e salada e, enquanto o arroz ficava pronto e as batatas fritavam em óleo quente,
Precisamente as 18:37hs recebera um telefonema desesperado da Camila Jones que dizia "O Pato Fu está tocando AGORA!"
Sob um leve desespero, ele apagou as bocas do fogão, vestiu qualquer roupa, ligou para os amigos cancelando a carona e partiu em direção ao tal "Marina Park Hotel". (Diante de tanta empolgação, ele nem percebeu que o local possuia o mesmo - e ridículo - nome da monitora de corredor do ginário onde estudara)
Chegando a suposta entrada do evento (de onde, claramente, ouvia-se algo parecido com "Perdendo Dentes"), foi barrado pelo "segurança" que dizia que o acesso ficava há alguns metros, à esquerda.
Alguns metros à esquerda, outro "segurança", ao som de "Canção pra você viver mais", apontava a entrada como sendo muitos metros à direita.
Ainda levemente desesperado, o garoto, agora correndo, dirigia-se ao suposto acesso que, chegnado lá, fora descoberto como a entrada para os camarotes.
Talvez não seja preciso dizer, mas o camarote não pertencia à realidade de alguem que pretendia pular, pular e pular ao som de Capetão 66.6 FM, música esta que tavez estivesse tocando enquanto o garoto tomava seu rumo, em direção ao suposto correto acesso àquela merda de festival.
Após caminhar alguns (ou mais de) 500 metros, não sem antes desbravar uma barreira de algumas centenas de adolescentes bebados. Talvez, porventura, ou ambos, (e) enquanto isso, ouvia-se um ruido (quase rosa) causado por um suposto cavaquinho que, talvez, porventura, ou ambos, (e) supostamente, pudesse estar musicando as frases de um "Tribunal de causas realmente pequenas".
Eureca! Ele, finalmente, conseguiu ter acesso ao evento.

[Inferno]

Quando criança, o garoto foi educado de uma regra que dizia "Meninos bons vão para o Céu. Meninos maus vão para qualquer outro lugar". Provavelmente, seus educadores pouparam-no da grande verdade de que o Inferno existe, sim, e era - EXATAMENTE - onde ele acabara colocando-se.
O palco, um dos trocentos existentes, onde acontecia o show dos "Patos Malditos" (adjetivo singelamente, então, associado à banda por seu tão desgastado cérebro) ficava, ironicamente, posicionado em paralelo àquela entrada dos camarotes onde você, querido leitor, deve lembrar que fica há algumas centenas de metro da entrada do evento.
E o garoto correu muito, em direção ao distante som de "Licitação" até que, em dado momento, (vejam só!) alcançara o palco em tempo de ouvir o "Náaa-ná! Ná ná tchum náaa ná! Ná ná tchum náaa ná!" que, após a célebre expressão "coleseu penelaqui" marcou o final de tal canção, ao mesmo tempo em que ele conseguiu encontrar-se com seus amigos.

[Lá e de volta outra vez]

Exatamente as 19:30hs, horário previsto para o início do concerto da banda, ele ouviu os primeiros acordes de "Depois" e, alguns minutos DEPOIS, Fernanda Takai, então injusta e momentaneamente, por ele rotulada como "VACA", anunciava que o tempo era finito.

[E não é só isso]

O garoto, aquele arremedo de pessoa que protagoniza nossa história, dirigiu-se ao "bar" onde pretendia adquirir vodka dupla, com 3 pedras de gelo e uma fatia de limão, para aliviar a dor da perda. Surpreso (não deveria, mas) ficara, quando da descoberta da inexistencia de destilados. Tá bom, leitor, não apenas inexistiam destilados, como qualquer outro líquido etílico não fermentado a base de cevada.
E ele ainda tinha 2 cigarros que, quando queimados, decidiram o momento exato de sua partida.
É isso mesmo, você entendeu bem: Naquele medíocre e eleito "melhor lugar para shows de Fortaleza", não vendiam tabaco-enrolado-em-papel algum que não levasse os rótulo "Hollywood" ou "Free".
O garoto, aquele lastimante poço de rancor, só então percebeu que deveria voltar para aquele local de onde nunca deveria ter saído: SUA CASA.
Caso você ainda se lembre da "saga da entrada", tenha certeza de que ela se repetiu quando ele procurou informações sobre a saída, espaço de tempo este no qual ele sofreu um "monumental" pisão no polegar de sua extremidade inferior direita.

[Redenção]

E lá chegou, em tempo de assistir o segundo bloco de "Os ASPONES".

por MarKo às 10:50 -